segunda-feira, 28 de setembro de 2009

Equipe de Classicismo

A         B        F              J           L              R
L         R        E             A           A              O
E         U        R             M          R              D
X         N        N             I             I               R
A         A        A             L           S               I
N                    N             E           S               G
D         A        D                          A               O
R         R        A             N
E          I                        U            F              M
            A         N             N           I               O
            N         A             E          G               R
G         E         S              S           U              A
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E                     I                            R              S
S                    M                           O
                       E                            A
                       N
                       T
                      O
                 

Agradecimentos:

A professora Irana Pacheco que nos conduziu e nos estimulou para que podessemos execultar esse trabalho com total êxito, a todos os participantes da equipe que contribuiram cada um com o que pôde.

A  todos que contribuiram, o nosso muito obrigado.


Referências bibliográficas / Webreferências

Referencias Bibliogáficas:
 
Enciclópedia  " Projeto Didático de Pesquisa "
Editor: Raul Maia
Coordenação Editorial : Eliana Maia Lista
multimatériaias / [editor Raul Maia; coordenação editorial Eliana Maia Lista; ilustrações Tuco, Ivan de Paula, Karla lista Rosa] - São Paulo: DCL, 2006.




Webreferências:

http://pt.wikipedia.org/wiki/Classicismo

www.escolaliteraria.com.br

http://www.juliobattisti.com.br/tutoriais/adrienearaujo/literatura006.asp

http://www.suapesquisa.com/artesliteratura/classicismo.htm

http://www.brasilescola.com/literatura/classicismo.htm

http://www.infoescola.com/literatura/classicismo/

http://www.emdiv.com.br/pt/arte/enciclopediadaarte/894-classicismo-renascimento-e-neoclassicismo.html

 


 



Critica do Grupo

   Esse trabalho foi um projeto de extremo bom gosto que foi conduzido pela exelente professora de português Irana Pacheco.
 

   Foi com extremo prazer que concluimos esse incrível trabalho, podendo assim divulga-lo para que todos podessem conhecer um pouco da literetura brasileira, sem muitos requintes e formalidades. Fizemos de tudo para que podessemos passar a mensagem da forma mais clara possivel, facilitando assim o intendimento do publico referente ao assunto.

   Espero que apreciem.




Obs: Foi solicitado pela docente os pontos negativos e positivos da pesquisa, sinto em não ter concluido essa etapa, pois não vi nenhuma dificuldade em executar esse projeto. Já os positivos são vario, deixe-me citar:


A experiência adquirida na execução de um blog.
O conhecimento sobre o assunto.
A oportunidade de execultar mais um trabalho em equipe, podendo superar as diferenças.





Componentes da Equipe : * Alexandre Goes
                                              * Bruna Ariane de Oliveira
                                              * Fernanda Nascimento
                                              * Jamile Nunes Macedo
                                              * Larissa da Silva Figuerôa 
                                              * Rodrigo Morais

           

Exemplos de textos com analises e ou interpretações.

 CAMÔES

 

Camões escreveu:
  •  ”Amor é fogo que arde sem se ver;
    É ferida que dói e não se sente;
    É um contentamento descontente;
    É dor que desatina sem doer”

  •  A Análise do poema feita pela aluna Maria Moraes da Escola
    de Rinchoa (Sintra Portugal), foi a seguinte: 

 ”Ah Camões !
Se vivesses hoje em dia
Tomavas uns anti-piréticos
Uns quantos analgésicos
E Prozac para a depressão
Compravas um computador
Consultavas a página do Murcon
E descobririas
Que essas dores que sentias
Esses calores que te abrasavam
Essas mudanças de humor repentinas
Esses desatinos sem nexo
Não eram feridas de amor
Mas somente falta de sexo.”





quinta-feira, 10 de setembro de 2009

Características Literárias Específicas de cada autor ou poeta

Luís Vaz de Camões

Este poeta do classicismo português possui obras que o coloca a altura dos grandes poetas do mundo. Seu poema épico Os Lusíadas divide-se em dez cantos repartidos em oitavas. Esta epopéia tem como tema os feitos dos portugueses: suas guerras e navegações.
Dono de um estilo de vida boêmio, este escritor lusitano foi freqüentador da Corte, viajou para o Oriente, esteve preso, passou por um naufrágio, foi também processado e terminou em miséria. Seus últimos anos de vida foram na mais completa pobreza.
A bagagem literária deixada pelo escritor é de inestimável valor literário. Ele escreveu poesias líricas e épicas, peças teatrais, sonetos que em sua maior parte são verdadeiras obras de arte.
Criador da linguagem clássica portuguesa, teve seu reconhecimento e prestígio cada vez mais elevados a partir do século XVI. Faleceu em Lisboa, Portugal, no ano de 1580. Seus livros vendem milhares de exemplares atualmente, sendo que foram traduzidos para diversos idiomas (espanhol, inglês, francês, italiano, alemão entre outros). Seus versos continuam vivos em diversos filmes, músicas e roteiros.

Francisco de Miranda

Seus trabalhos giraram em torno da poesia e a comédia. Por ter vivido algum tempo na Itália, ele introduziu em Portugal o soneto,uma nova forma poética com base na arte renascentista.

Bernardim Ribeiro

Sua obra de destaque foi Menina e Moça, publicado em 1554.

Antônio Ferreira

Publicou diversos trabalhos polémicos, defendendo teses arrojadas e longe das opiniões geralmente aceites, tendo em particular ficado para a história o debate em torno da nacionalidade de Cristóvão Colombo, que seria, no seu entender, o madeirense Salvador Gonçalves Zarco.
Envolveu-se na fundação de diversas instituições, entre as quais a Sociedade de Propaganda de Portugal, a Liga de Defesa dos Interesses Públicos e a Academia Portuguesa de História e foi cônsul de algumas Repúblicas da América do Sul em Portugal, entre as quais a República do Equador, da qual foi cônsul-geral em Lisboa de 1898 a 1902. Pouco antes fora também cônsul-geral em Lisboa do Reino do Hawai, então independente.
Pertenceu a várias academias literárias e científicas estrangeiras e, como doutor em filosofia e letras, ao Instituto de Estudos Superiores de Palermo e à Universidade Hispano-Americana.
Faleceu em Lisboa, onde se fixara, no ano de 1939.
Possuía várias condecorações, entre elas o raro título hereditário de patrício da Sereníssima República de San Marino, e era detentor de uma rica biblioteca, tão importante que foi solicitada a sua incorporação na biblioteca da Academia Portuguesa de História, de que fora sócio fundador.

segunda-feira, 7 de setembro de 2009

Biografia- Como era a vida dos autores e poetas e etc.

Luiz Vaz de Camões


A vida de Camões ainda permanece pontilhada de dúvidas. Admite-se como data mais provável de seu nascimento o ano de 1524. Era filho de Simão Vaz de Camões e de Ana de Sá de Macedo, e descendente de uma família de fidalgos decadentes. Teria freqüentado por algum tempo a Universidade de Coimbra. Serviu como militar no norte da África, onde, ferido em combate, perdeu o olho direito. Com certeza, em 1550 vivia em Lisboa e freqüentava a corte; em 1552 foi preso por ter agredido um oficial do rei e só foi posto em liberdade em 1553, indo direto para o exílio. Inicia-se assim uma longa jornada de 17 anos de exílio, tendo o poeta vivido nas colônias portuguesas da África e da Ásia, chegando a morar em Macau, colônia portuguesa na China. Foram anos de dificuldades econômicas e algumas passagens pela cadeia. Só retorna a Portugal em 1570, após a morte de D. João III, já com Os Lusíadas terminados; em 1572 é publicada a primeira edição do poema. D. Sebastião, rei de Portugal a quem havia sido dedicado o poema, concede-lhe uma pensão de 15000 réis por ano, quantia que o poeta recebeu sem regularidade.

Morre na miséria em 10 de junho de 1580, sendo enterrado como indigente, em vala comum.
Sua obra é composta de poesias líricas, uma poesia épica, três peças para teatro e algumas cartas.


O estilo literário de Camões está inserido no Classicismo português, que teve início no ano de 1527. Vinda da Itália, a medida nova (versos decassílabos), já cultivada por Dante Alighieri e Francesco Petrarca, tem extrema influência na obra camoniana.

O século XVI, considerado período áureo da arte, traz ao lado de maravilhosos monumentos arquitetônicos, a produção Humanista (prosa e teatro popular, já em fase de transição com o Classicismo) e o Renascimento português, que encontra sua expressão máxima em Camões. Também é no século XVI que a língua portuguesa assume mudanças definitivas, iniciando o período do português moderno.

No final desse mesmo século, Portugal, abalada econômica e politicamente, sofre a unificação da Península Ibérica, sob o domínio Espanhol. Esse fato marca o fim do Classicismo, e sob a influência espanhola, inicia-se o Barroco.


 A Poesia Classicista

Adota certas formas poéticas livres, sujeitas a algumas regras, o que faz surgir um novo conceito de poesia. Os temas poéticos são vários, como a reflexão moral, a filosofia, a política, e o lirismo amoroso. Ao lado da herança medieval representada pelas redondilhas, usa-se a medida nova.


A Poesia Lírica Camoniana

Camões é tradicionalmente considerado o maior poeta lírico português. A poesia lírica de Camões apresenta-se marcada por uma dualidade: ora são textos de nítida herança da tradicional poesia portuguesa, inclusive escritos em redondilhas; ora são poesias perfeitamente enquadradas no estilo novo do Renascimento. Entretanto, não se pode dizer que Camões tenha conseguido isolar suas influências; pelo contrário, elas aparecem misturadas, fundidas, resultando daí uma obra típica do século XVI. Para uma visão da poesia lírica de Camões, passamos a uma rápida caracterização dos principais temas abordados:

Redondilhas – versos singelos da tradição popular, de cinco ou sete sílabas métricas (redondilha maior e menor, respectivamente).


Poesia Tradicional – a herança das cantigas trovadorescas em Camões aparece principalmente nas redondilhas. O mar, a fonte, a natureza surgem constantemente em diálogos, lembrando as cantigas de amigo:


Cantiga

Cantiga Alheia:

Na fonte está Lianor

Lavando a talha e chorando

Às amigas perguntando:

Vistes lá o meu amor?



Voltas

Posto o pensamento nele,

Porque a tudo o amor obriga,

Cantava, mas a cantiga

Eram suspiros por ele.

Nisto estava Lianor

O seu desejo enganando,

Às amigas perguntando:

Vistes lá o meu amor?

Como se observa, é a temática das cantigas de amigo, só que agora escrita em terceira pessoa, e não mais em primeira, ou seja, o poeta não mais escreve sobre a mulher angustiada à espera do seu namorado.

As idéias platônicas em Camões – Platão e sua filosoafia marcaram fortemente toda a produção literária do Renascimento. Percebe-se nitidamente essa influência platônica em várias composições de Camões, tanto em alguns sonetos como nas redondilhas de Badel e Sião.

Platão concebia dois mundos: o mundo sensível, em que habitamos, e o mundo inteligível, das divinas essências (Deus, o Belo, O Bom, a Sabedoria, o Amor, a Justiça, etc). No mundo sensível, as realidades concretas são simples sombras ou reflexos dessas essências. As almas, que são imortais, habitam o mundo inteligível; quando caem da esfera inteligível para a sensível, conservam uma recordação que podem avivar por meio da reminiscência. Há, dessa forma, uma constante busca do ideal, que não é mais do que uma tentativa da ascensão do mundo sensível (das realidades concretas, meras imitações particulares) ao mundo inteligível (da essência, a verdade universal). No mundo sensível temos, por exemplo, amores particulares; no mundo inteligível, temos o Amor (a maiúscula indica sempre a essência, a idéia), ou melhor, o Amor Platônico.

A partir do século XV, percebe-se uma tentativa de aproximar a filosofia platônica dos princípios do cristianismo.

O Amor – um dos temas mais ricos da lírica de Camões é o Amor visto como idéia (neoplatonismo) e como manifestação da carnalidade. No Amor enquanto idéia ou espiritualidade, é nítida a influência da poesia de Petrarca (e, por extensão, de Dante Alighieri). A mulher amada é retratada de forma idealizada, recorrendo o poeta a uma constante adjetivação, que descreve um ser superior, angelical, perfeito. Por outro lado, a própria vida atribulada do poeta, sua experiência concreta, leva Camões a cantar não mais um amor espiritualizado, mas um amor terreno, carnal, erótico (é a Vênus que aparece em inúmeras poesias). A impossibilidade de obter uma síntese desses dois amores se revela algumas vezes pelo uso abusivo de antíteses.

O "desconcerto do mundo" – esse foi um dos temas que mais perturbou o poeta português, manifestando-se nas injustiças, no prêmio aos maus e no castigo aos bons; na ambição e na tentativa de guardar bens que acabam no nada da morte; nos sofrimentos constantes que aniquilam as prováveis conquistas; enfim, num conflito violento entre o ser e o dever ser. Portanto, o mundo é um "desconcerto" e:


Quem pode ser no mundo tão quieto

ou quem terá tão livre o pensamento

(ao)ver e notar do mundo o desconcerto?


O inconformismo do poeta se manifesta claramente nas famosas redondilhas que afirmam:

"Os bons vi sempre passar

no mundo graves tormentos,

e, para mais me espantar,

os maus vi sempre nadar

em mar de contentamentos.


Cuidando alcançar assim

o bem tão mal ordenado,

fui mal. Mas fui castigado.

Assim que só para mim

anda o mundo concertado."



Exemplos

Descalça vai para a fonte

MOTE

Descalça vai para a fonte

Leanor, pela verdura;

Vai formosa e não segura.


VOLTAS

Leva na cabeça o pote,

o testo nas mãos de prata,

cinta de fina escarlata,

saindo de chamalote;

traz a vasquinha de cote,

mais branca que a neve pura;

vai formosa e não segura.


Descobre a touca a garganta,

cabelos de ouro trançado,

fita de cor de encarnado ...

Tão linda que o mundo espanta!

Chove nela graça tanta

que dá graça à formosura;

vai formosa, e não segura.



Eu cantarei de amor tão docemente

Eu cantarei de amor tão docemente,

por uns termos em si tão concertados

que dois mil acidentes namorados

faça sentir ao peito que não sente.

Farei que amor a todos avivente,

pintando mil segredos delicados,

brandas iras, suspiros magoados,

temerosa ousadia e pena ausente.

Também, Senhora, do desprezo honesto

de nossa vista branda e rigorosa

contentar-me-ei dizendo a menos parte.

Porém, para cantar de vosso gesto

a composição alta e milagrosa,

aqui falta saber, engenho e arte.

Amor é um fogo que arde sem se ver

Amor é fogo que arde sem se ver,

é ferida que dói, e não se sente;

é um contentamento descontente,

é dor que desatina sem doer.

É um não querer mais que bem querer;

é um andar solitário por entre a gente;

é nunca contentar-se de contente;

é um cuidar que se ganha em se perder.

É querer estar preso por vontade;

é servir a quem vence o vencedor;

é ter, com que nos mata, lealdade.

Mas como causar pode seu favor

nos corações humanos amizade,

se tão contrário a si é o mesmo Amor?

Busque Amor novas artes, novo engenho

Busque Amor novas artes, novo engenho

para matar-me, e novas esquivanças;

que não pode tirar-me as esperanças,

que mal me tirará o que eu não tenho.

Olhai de que esperanças me mantenho!

Vede que perigosas seguranças!

Que não temo contrastes nem mudanças,

andando em bravo mar, perdido o lenho.

Mas, conquanto não pode haver desgosto

onde esperança falta, lá me esconde

Amor um mal, que mata e não se vê.

Que dias há que n'alma me tem posto

um não sei quê, que nasce não sei onde,

vem não sei como, e dói não sei porquê.

Alma minha gentil, que te partiste

Alma minha gentil, que te partiste

tão cedo desta vida descontente,

repousa lá no Céu eternamente,

e viva eu cá na terra sempre triste.

Se lá no assento etéreo, onde subiste,

memória desta vida se consente,

não te esqueças daquele amor ardente

que já nos olhos meus tão puro viste.

E se vires que pode merecer-te

alguma cousa a dor que me ficou

da mágoa, sem remédio, de perder-te,

roga a Deus, que teus anos encurtou,

que tão cedo de cá me leve a ver-te,

quão cedo de meus olhos te levou.

Aquela triste e leda madrugada

Aquela triste e leda madrugada,

Cheia toda de mágoa e de piedade,

Enquanto houver no mundo saudade

Quero que seja sempre celebrada.

Ela só, quando amena e marchetada

Saía, dando à terra claridade,

Viu apartar-se de uma, outra vontade,

Que nunca poderá ver-se apartada;

Ela, só viu as lágrimas em fio,

Que, duns e outros olhos derivadas,

Juntando-se formaram largo rio;

Ela ouviu as palavras magoadas,

Que puderam tornar o fogo frio

E dar descanso às almas condenadas.

Sete anos de pastor Jacob servia

Sete anos de pastor Jacob servia

Labão, pai de Raquel, serrana bela;

Mas não servia o pai, servia a ela,

Que a ela só, por prêmio, pretendia.

Os dias na esperança dum só dia

Passava, contentando-se com vê-la;

Porém o pai, usando de cautela,

Em lugar de Raquel lhe dava Lia.

Vendo o triste pastor que com enganos

Lhe fora assim negada a sua pastora,

Como se a não tivera merecida,

Começa de servir outros sete anos,

Dizendo: - "Mais servira, se não fora

Para tão longo amor tão curta a vida!"


Francisco de Miranda

 
Francisco de Sá de Miranda (Coimbra, a 28 de agosto de 1481 — Amares, 15 de março de 1558) foi um poeta português.

Francisco de Sá de Miranda nasceu em Coimbra:/da antiga e nobre cidade som natural, som amigo/, em 28 de Agosto de 1481 (data em que D. João II subiu ao trono, dizem os biógrafos). Era filho de Gonçalo Mendes, cónego da Sé de Coimbra e de Inês de Melo, solteira, nobre, e neto paterno de João Gonçalves de Crescente, cavaleiro fidalgo, e de sua mulher Filipa de Sá que viveram em S. Salvador do Campo (Barcelos) e em Coimbra, no episcopado de D. João Galvão.
Nada se sabe da vida de Sá de Miranda nos seus primeiros anos. Meras hipóteses, mais ou menos aceitáveis, nos indicam o caminho que seguira, desde o seu berço em Coimbra até à Universidade em Lisboa.
Foi nas Escolas Gerais que Sá de Miranda conheceu Bernardim Ribeiro, com quem criou estreitas relações de amizade, lealmente mantidas e fortalecidas na cultura literária, nos serões poéticos do paço real da Ribeira, na intimidade, em confidências e na comunhão de alegrias e dissabores.
Estudou Gramática, Retórica e Humanidades na Escola de Santa Cruz. Frequentou depois a Universidade, ao tempo estabelecida em Lisboa, onde fez o curso de Leis alcançando o grau de doutor em Direito, passando de aluno aplicado a professor considerado e frequentando a Corte até 1521, datando-se de então a sua amizade com Bernardim Ribeiro, para o Paço, compôs cantigas, vilancetes e esparsas, ao gosto dos poetas do século XV.

No Minho — O casamento


Sá de Miranda não veio, como erradamente se diz, logo para Duas Igrejas porque a mercê da Comenda só data de 1534. Se até aqui a vida do poeta do Neiva está ensombrada de dúvidas, entre 1530 e 1558, ano do seu falecimento, pode, em grande parte, documentar-se.
O primeiro documento data de 1530 e trata-se de uma escritura lavrada no dia 3 de Maio, na Casa de Crasto, onde se encontrava temporariamente com a sua mulher, através da qual efectua a compra de metade da quinta de Barrio em Fiscal, Amares. A 20 de Julho de 1531, numa quinta que era pertença de sua mulher, a quinta da Torre em Penela (actual S.Tiago de Arcozelo) é elaborada outra escritura de transmissão de propriedades. Daqui se conclui que, antes de 1530, já o poeta era casado com Briolanja de Azevedo. Ora sendo certo que D.Briolanja teve a Quinta da Torre, em Penela (dentro dos limites do extinto concelho de Penela esta quinta situava-se na freguesia de S.Tiago de Arcozelo, a que esteve anexa à freguesia de Marrancos. Pertenceu aos senhores do Paço de Marrancos e à casa de Codeçosa) aqui residiu com o poeta até à mercê da comenda de Duas Igrejas.
O fim da vida do poeta

Os desgostos sofridos, o peso dos anos, os insultos da enfermidade foram a pouco e pouco enfraquecendo o corpo do varão prudente e forte que, reconhecendo o seu estado, promoveu o casamento de seu filho Jerónimo para assegurar a conservação da casa da Tapada. Concertado esse casamento, Sá de Miranda escreveu o seu último testamento que não viria a assinar porque, muito provavelmente, a morte o terá surpreendido.
A morte antecipou-se às festas do casamento de seu filho tendo a escritura antenupcial sido lavrada na casa da Taipa, em Cabeceiras de Basto, no dia 14 de Janeiro de 1559.

Morte e sepultura


A data da morte de Sá de Miranda, indicada com tanta precisão e firmeza pelos seus biógrafos, é inexacta. Não faleceu a 15 de Março de 1558, como se tem afirmado, porquanto em 2,13 e 16 de Maio desse mesmo ano o poeta ainda efectuou compras de certas propriedades, como provam as respectivas escrituras. Também não é certo que o poeta tenha morrido na casa da Tapada. Sá de Miranda ainda deveria manter as suas necessárias e costumadas visitas à comenda de Duas Igrejas. Velho e enfermo pode ter cometido a imprudência de percorrer os longos e arruinados caminhos, os escabrosos atalhos que tantas vezes pisara até Duas Igrejas. Quiçá, saudades dos tempos felizes e da sua fonte inspiradora. Numa dessas viagens poderá ter sido surpreendido pela morte, o que se poderá depreender do soneto fúnebre que Diogo Bernardes lhe dedicou:

É este o Neiva do nosso Sá de Miranda,

Inda que tam pequeno, tam cantado?

É este o monte que foi às musas dado

Enquanto nele andou quem nos ceos anda?

O claro rio onde chorar me manda

Saudosa lembrança do passado?

O monte, o vale, o bosque, o verde prado

Onde suspira Apolo, Amor se abranda?

Aqui na tenra flor, na pedra dura

Escrevi, ninfas, e no cristal puro

Estes versos que Febo me inspirou

Aqui cantava Sá, daqui seguro,

Livre do mortal peso ao ceo voou:

Pastores: vinde adorar a sepultura!

O facto de não ter feito aprovar o seu testamento leva a crer que a morte veio de surpresa. A notícia da morte do poeta do Neiva contristou os seus amigos e admiradores e provocou manifestações mais ou menos eloquentes dos poetas da nova escola italiana em homenagem ao seu introdutor e ao prestigioso mestre de tão preclaros cantores.
Resta esta dúvida: a primitiva sepultura seria em Duas Igrejas ou, levado em andas, enterrar-se-ia na igreja de Carrazedo. Ora, a capela de Nossa Senhora da Apresentação, onde o poeta se encontra sepultado, foi mandada construir pelo filho Jerónimo por vontade expressa no seu testamento de 30 de Setembro de 1581, já o poeta havia falecido havia mais de vinte anos. O seu filho, pedia, nesse testamento, que os ossos de seus pais fossem trasladados para essa capela.

A poesia

Para Sá de Miranda, a poesia não é uma ocupação para ócios de intelectual ou de salões, mas uma missão sagrada. O poeta é como um profeta, deve denunciar os vícios da sociedade, sobretudo da Corte, o abandono dos campos e a preocupação exagerada do luxo, que tudo corrompe, deve propor a vida sadia em contacto com a «madre» natureza, a simplicidade e a felicidade dos lavradores.
A ele se aplicam perfeitamente os seus versos da Carta a D. João III: «Homem de um só parecer, / dum só rosto e d'ua fé, / d'antes quebrar que volver /
outra cousa pode ser, mas da corte homem não é.»
A sua linguagem é elíptica, sóbria, densa, forte, trabalhada, hermética, difícil de entender e às vezes demasiado dura. Mesmo assim, Sá de Miranda é o escritor do século XVI mais lido depois de Camões. A sua verticalidade e a sua coerência impuseram-se.
Sá de Miranda concebeu as primeiras comédias clássicas portuguesas (Estrangeiros e Vilhalpandos), cuja recepção pelo público, habituado aos autos (de Gil Vicente sobretudo), não foi das melhores. Se os aspectos criticados por Sá de Miranda e a sua intenção moralizadora o aproximam muito de Gil Vicente, o escritor afasta-se deste último pelas formas e o tom em que vaza as suas críticas.
Sá de Miranda deixou uma importante obra epistolográfica e uma série de éclogas, entre outros textos. A sua obra foi publicada postumamente, em 1595. Influenciou decisivamente escritores seus contemporâneos e posteriores, como António Ferreira, Diogo Bernardes, Pero Andrade de Caminha, Luís de Camões, D. Francisco Manuel de Melo ou ainda, mais recentemente, Jorge de Sena, Gastão Cruz e Ruy Belo, entre outros, manifestando alguns textos destes autores nítida intertextualidade com textos mirandinos, sobretudo com o tão conhecido soneto «O Sol é grande, caem co'a calma as aves».


Bernardim Ribeiro

Bernardim Ribeiro (Torrão, 1482? — 1552?) foi um escritor português renascentista. A sua principal obra é a novela Saudades, mais conhecida porém como Menina e Moça (da primeira frase da novela, que se tornou um tópico da literatura portuguesa: Menina e moça me levaram de casa de minha mãe para muito longe…).

Teria frequentado a corte de Lisboa, colaborou no Cancioneiro Geral de Garcia de Resende, que assim como Bernardim pertenceu à roda dos poetas palacianos juntamente com Sá de Miranda, Gil Vicente e outros.
Foi o introdutor do bucolismo em Portugal.


Praticamente nada se sabe de certo na vida de Bernardim Ribeiro. Presume-se que nasceu por volta de 1482. Não se conseguiu ainda provar que este poeta Bernardim Ribeiro e um seu homónimo que frequentou, entre 1507 e 1511, a Universidade de Lisboa, e que em 1524 foi nomeado escrivão da câmara, fossem a mesma pessoa.

Teria frequentado a corte de Lisboa, colaborou no Cancioneiro Geral de Garcia de Resende, que assim como Bernardim pertenceu à roda dos poetas palacianos juntamente com Sá de Miranda, Gil Vicente e outros. Esteve algum tempo na Itália, onde tomou conhecimento inovações literárias.
Tão misterioso quanto o nascimento é a morte do escritor. Alguns autores datam-na como 1552. Porém, pela leitura da écloga Basto, de Sá de Miranda e escrita antes de 1544, verificamos que este autor se refere ao seu "bom Ribeiro amigo" como já falecido.
Considerando especulativas todas as referências sobre as datas e locais de nascimento, período de vida e morte de Bernardim Ribeiro, algumas alusões autobiográficas à "aldeia que chamam Torrão" e a um "monte" podem levar-nos a considerar que o autor era oriundo da vila do Torrão, Baixo Alentejo. Na vila encontra-se atualmente uma estátua em homenagem ao escritor. Outro monumento ao autor pode ser encontrado no Museu de Évora onde existe uma estátua de António Alberto Nunes (1838 - 1912).

Obra


Hystoria de menina e moça, 1554.Menina e moça me levaram de casa de minha mãe para muito longe. Que causa fosse então a daquela minha levada, era ainda pequena, não a soube. Agora não lhe ponho outra, senão que parece que já então havia de ser o que depois foi. Vivi ali tanto tempo quanto foi necessário para não poder viver em outra parte. Muito contente fui em aquela terra, mas, coitada de mim, que em breve espaço se mudou tudo aquilo que em longo tempo se buscou e para longo tempo se buscava. Grande desaventura foi a que me fez ser triste ou, per aventura, a que me fez ser leda. Depois que eu vi tantas cousas trocadas por outras, e o prazer feito mágoa maior, a tanta tristeza cheguei que mais me pesava do bem que tive, que do mal que tinha.

Início de Menina e Moça

A sua obra resume-se a doze composições insertas no Cancioneiro Geral, cinco éclogas, a sextina Ontem pôs-se o Sol, a novela Menina e Moça e o romance Ao longo de uma ribeira, única composição portuguesa inserida no Cancioneiro Castelhano de 1550 (segundo Carolina Michaelis), só apareceu publicado com as obras completas do poeta na edição de 1645.
Sob o título Trovas de dous pastores, foi feita, em 1536, a primeira impressão de uma écloga (a de Silvestre e Amador). Em 1554, na oficina do hebreu exilado Abraão Usque, em Ferrara (Itália), são editadas as suas obras. Menina e Moça é editada sob o título de História de Menina e Moça. Na segunda edição, de 1557-58, em Évora, com o título de Saudades e a terceira realizada em Colónia a partir da primeira edição.
A segunda edição possui um prolongamento que costuma-se aceitar como sendo do autor até ao cap. XXIV.[1] Segundo o investigador Teixeira Rego, não é de recusar liminarmente a hipótese de que Bernardim Ribeiro fosse de origem hebraica. Na verdade, e ainda segundo o referido investigador, o estilo de queixume e lamentoso, mesmo algo bíblico, que encontramos nos primeiros capítulos da Menina e Moça, alguns termos utilizados pelo autor na obra referida, nomeadamente "transmatação" ou "transmigração" e algumas alusões a perseguições e cisões do povo hebraico, implícitas nas falas de uma personagem, podem ser indicadores positivos e atestantes desta hipótese. Soma-se a essas circustâncias o fato do primeiro editor de Menina e Moça ter sido um judeu português exilado em Itália.
Por outro lado, e de acordo com a afirmação de Hélder Macedo, os textos benardinianos encerram "uma meditação mística pessimista… em torno do amor humano e da saudade". Analisando o seu conteúdo, podemos considerar que a Menina e Moça tem um fundo autobiográfico e é, em certa medida, um "roman à clef", definições sugeridas pela recorrência de anagramas (palavras ou frases formadas com a transposição das letras de outras. Ex.: "Natércia" é anagrama de "Caterina"), tais como: Binmarder (Bernardim), Aónia (Joana), Avalor (Álvaro), Arima (Maria), Donanfer (Fernando), etc.